
Nos últimos três dias, Maricá foi invadida por motos de várias partes do país. O 8º Encontro Nacional de Motociclistas, promovido pelo motoclube Asas do Asfalto com apoio da prefeitura, reuniu cerca de 6 mil pessoas, segundo os organizadores, na Praça Orlando de Barros Pimentel, no Centro, de sexta-feira a domingo.
Esta foi a maior edição do evento e contou com 312 motoclubes de vários estados, como Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Santa Catarina e Rio de Janeiro.
A festa começou na sexta-feira com os shows das bandas de rock Hardway e Bioquimi-k. O ponto alto do evento foi no sábado, com uma apresentação radical de motociclistas que fazem acrobacias com as motos e que levaram o público ao delírio. Em seguida, os shows ficaram por conta das bandas de rock Sinca Chambord, Biquimi-k, Faixa Etária, além da Lokomotive, que misturou rock com blues. No domingo, a festa foi comandada pelos grupos Hardway, Trucco Classic Rock e Sinca Chambord.
O presidente do Asas do Asfalto de Maricá, Luiz Antônio Diegues Chaves, comemorou o sucesso desta edição. “Este encontro já entrou para o calendário turístico de Maricá, sempre com o apoio da prefeitura. Reunimos amigos de várias partes do Brasil. Teve um participante que veio do Mato Grosso do Sul para o nosso evento”, destaca.
O militar Luiz Pita, de 42 anos, do motoclube Trike Indomável de São Gonçalo, comemorou a realização de mais uma edição do evento. “Esses encontros são bons para confraternizar, rever amigos, conhecer novas pessoas, além de assistir aos shows de rock’n’roll. Também é importante esse apoio da prefeitura para a valorização do encontro”, afirmou ele, que pretende rodar o mundo nos eventos de motociclismo quando se aposentar.
Rainhas do Asfalto
Em meio a centenas de motos de várias marcas e modelos que tomaram a Praça Orlando de Barros Pimentel, um triciclo chamou a atenção de quem foi assistir ao evento. O modelo é uma fabricação própria do mecânico Josemar Gomes Ribeiro, de 70 anos, conhecido como Arthur. O apelido ele nem lembra como surgiu, mas sabe em detalhes como construiu esse modelo único no mundo.
“O motor é da volkswagem adaptado para 1700. Peguei peças e latarias de carros como Opala, Santana, Corcel, Mercedes, Del Rey e até de caminhão para fazer este triciclo. As duas rodas traseiras são de carro, aro 14. Já a da frente é de moto, aro 19. Fiz este modelo em 1974 e o triciclo chega a atingir 160 km por hora na estrada”, conta Arthur, que fundou o motoclube Asas do Asfalto e já rodou com seu triciclo por eventos em São Paulo, Bahia e várias partes do estado do Rio.
Outro triciclo que chamou a atenção veio de Tanguá, região metropolitana do Rio de Janeiro. Na direção do triciclo estava Cláudia Fernandes Costa, fundadora do primeiro motoclube feminino do estado, o Rainhas do Asfalto. Ela afirma que decidiu formar este grupo, hoje com seis mulheres, em uma viagem com uma amiga em 2000. “Vi que a maioria das motos era guiadas por homens. Não queria andar na garupa e resolvi fazer este motoclube”, conta Cláudia que já andou mais de 18 mil quilômetros em eventos pelo país.
Experiência nas estradas
Com 20 anos na estrada, José Américo Costa Jael, o Papa, de 70 anos, do motoclube Lobo Ruivante Solitário de Saquerema, destaca a integração entre jovens e idosos e o respeito entre os participantes destes eventos. “Motociclismo é amor e é muito bom confraternizar com amigos nestes eventos”, disse Américo, a bordo da sua Harley Davidson.
Outro participante bastante experiente que marcou presença nesta edição veio de Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Oliveira José, conhecido como Velho, de 67 anos, roda por eventos em todo o mundo desde 1980. Ele morou na França e em Portugal e conta que essa paixão pela estrada vem desde a infância. “Meu pai era caminhoneiro e sempre viajava na boleia. Quando ele morreu comprei uma moto e decidi rodar o mundo”, frisa Velho, do motoclube Tubarões. “Nesses eventos de motociclismo todos se respeitam. Têm pessoas de várias classes sociais, como advogados, juízes, médicos, mecânicos. É uma grande reunião”, conclui.