A Prefeitura de Maricá, por meio da Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar), lança nesta sexta-feira (11/11) a Mumbuca Verde, na Rio Innovation Week, evento internacional de negócios que acontece no Píer Mauá, na zona portuária do Rio de Janeiro. O projeto, ousado e inovador, oferece uma alternativa de economia verde para o desenvolvimento socioeconômico, ambiental e sustentável da cidade.
A Mumbuca Verde é uma moeda digital – assim como a social Mumbuca – e vai funcionar como uma Unidade de Crédito Sustentável (UCS), para remunerar a preservação ambiental por meio de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). O projeto implementa uma plataforma sustentável em Maricá, em harmonia com a transição para uma nova economia verde, que estimulará a entrada de recursos de uma fonte limpa. “O desafio das cidades é redimensionar a qualidade de vida das pessoas, entendendo a diversidade cultural e socioambiental como um valor em si”, destaca o prefeito Fabiano Horta.
De acordo com o presidente da Codemar, Olavo Noleto, a moeda é uma opção para as corporações contribuírem com a proteção e restauração dos biomas nacionais. “Nós temos diversos benefícios quando conservamos a natureza. A ideia é quantificar esses benefícios, valorar o serviço e remunerar a preservação ambiental. É bom para o futuro da cidade e para quem vai investir”, explica Noleto.
A proposta é criar um instrumento de bioeconomia e de soluções baseadas na natureza, almejando auxiliar no fortalecimento das iniciativas dos órgãos de proteção e controle ambiental, bem como promover sua melhor integração socioeconômica e ambiental e combater o desmatamento, por meio do incentivo na Prestação de Serviços Ambientais (PSA), previsto na Lei Federal nº14.119, de 13 de janeiro de 2021.
Investimento aliado à preservação ambiental com credibilidade no mercado
O público-alvo da Mumbuca Verde são os investidores que desejam títulos de comprovação de aderência às práticas ambientais e sociais sustentáveis, que querem ser Net Positive – mentalidade de conduzir os negócios pensando em oferecer mais do que se retira da sociedade, do meio ambiente e da economia mundial – ou que buscam adotar Práticas ESG em suas empresas e alavancar recursos na promoção do desenvolvimento sustentável regional, como quotas de participação em sociedades e como compensação de emissões voluntárias.
Além disso, a Mumbuca Verde também é uma opção para empresas que querem garantir um posicionamento efetivo, evidenciável e auditável ao mercado ESG, acesso a linhas de crédito agrícola com condições especiais, compensação dos seus impactos ambientais de forma personalizada, transparente e menos onerosa, aumento dos seus ativos, benefício à performance da estrutura de capitais, financiamento da sua política de sustentabilidade, promoção do desenvolvimento regional e agregação de valor pela incorporação do ESG no produto/serviço. As UCSs também serão compradas pelas empresas que participarem de licitações sob gestão da Codemar, para quitar seus débitos ambientais e monetização digitais dos ativos ambientais.
Inovação e sustentabilidade
Para o diretor de Economia Criativa e Sustentabilidade da Codemar, Paulo Neto, a Companhia tem a missão de identificar um novo modelo de desenvolvimento para o município que seja limpo, criativo, solidário e sustentável. “Esse é um projeto inovador. Nós estamos fazendo o nosso dever de casa com o Mumbuca Verde. Vamos nos filiar ainda com mais força aos chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU)”, garante.
A empresa que adquirir a UCS recebe o crédito em troca da preservação ou restauração ambiental. Uma vez instituídos os ativos financeiros, a Mumbuca Verde pode ser utilizada como: títulos para lastros em operações financeiras, títulos para compensação ambiental e social, instrumento para alavancagem de recursos na promoção do desenvolvimento sustentável regional, garantia de ações sustentáveis e qualificativo de ações de sustentabilidade da empresa.
“A partir do momento que a Mumbuca Verde funcionar como uma Unidade de Crédito para a Prestação de Serviço Ambiental, ela poderá ser, posteriormente, convertida em outros ativos negociáveis, como a Cédula de Produto Rural Verde (CPR Verde), podendo ser negociada na Bolsa de Valores”, afirma Neto.
Dinheiro arrecadado retorna para projetos sociais e de sustentabilidade na cidade
A receita arrecadada pela Mumbuca Verde será investida no fundo verde da cidade, que terá o selo de sustentabilidade ESG (do inglês: Environmental, social, and corporate governance, em tradução literal: Governança ambiental, social e corporativa). O investimento vai retornar para projetos sociais e de sustentabilidade em Maricá.
Metodologia reconhecida pelas Nações Unidas
A metodologia de valoração utilizada é composta por 27 serviços ecossistêmicos e vai atender aos requisitos previstos na legislação federal brasileira, na inclusão do Cadastro Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais, feitas em 2021, nas leis: Leis nºs 8.212, de 24 de julho de 1991, 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e 6.015, de 31 de dezembro de 1973.
As leis consideram, entre outros serviços ambientais que podem ser valorados, os serviços ecossistêmicos, ou seja, de provisão como água, alimento, madeira, fibras e extratos; os de suporte, tais como a ciclagem de nutrientes, a decomposição de resíduos, a produção, a manutenção ou a renovação da fertilidade do solo, a polinização; os de regulação, como o sequestro de carbono, a purificação do ar, a moderação de eventos climáticos extremos, a manutenção do equilíbrio do ciclo hidrológico, a minimização de enchentes e secas e o controle dos processos críticos de erosão e de deslizamento de encostas.
Também faz parte dos serviços ecossistêmicos os serviços culturais que constituem benefícios não materiais providos pelos ecossistemas, por meio da recreação, do turismo, da identidade cultural e do desenvolvimento intelectual, entre outros. Os serviços ambientais considerados pela lei são atividades individuais ou coletivas que favorecem a manutenção, recuperação ou melhoria dos serviços ecossistêmicos.
Participação na Rio Innovation Week
A Codemar vai participar da Rio Innovation Week, entre os dias 8 e 11/11, apresentando os projetos de Maricá para os profissionais e entusiastas do varejo, tecnologia, empreendedorismo e inovação, sendo no dia 11 o lançamento do Mumbuca Verde. No último dia da feira, também serão apresentados dois painéis sobre responsabilidade ambiental, no palco Clean Up The World.
A primeira mesa, às 11h30, vai contar com a participação do secretário de Desenvolvimento Econômico, Comércio, Indústria, Petróleo e Portos de Maricá, Igor Sardinha; do Diretor de Economia Criativa e Sustentabilidade da Codemar, Paulo Neto; da CEO e Fundadora do ecossistema BMV, Economista e especialista em gestão finanças, Maria Tereza Umbelino; e o Engenheiro Florestal e um dos pioneiros na captura de carbono, Paulo Braga.
Já o segundo painel, às 12h30, vai ter a participação do Prefeito de Maricá, Fabiano Horta; do presidente da Codemar, Olavo Noleto; da presidente do Banco Mumbuca, Manuela Mello; e da arquiteta e artista Gabriela Bilá. O evento acontece no Pier Mauá, zona portuária do Rio de Janeiro, na Av. Rodrigues Alves, 10 – Praça Mauá, das 10h às 21h.