
A Prefeitura de Maricá, por meio da Secretaria de Cultura e com apoio da Educação, promoveu na terça-feira (22/10) o encerramento do projeto Infiltração, que reuniu durante dois meses dez alunas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola Municipal João Monteiro, na localidade do Recanto, em Itaipuaçu. A iniciativa, que trabalhou o empoderamento feminino e autoestima das participantes, incluiu oficinas de canto, gravação de uma música em estúdio e uma exposição com quatro alunas que concluíram o projeto e também participaram de uma sessão de fotos com direito a maquiagem.
As alunas, todas moradoras de Itaipuaçu e que estudam do 6º ao 9º do Ensino Fundamental, cantaram a música “Sonho de criança”, gravada em estúdio, durante a exposição fotográfica com o tema “Divas da Escola”, onde cada uma escolheu uma musa inspiradora e foram fotografadas representando essas inspirações da música brasileira, como Clara Nunes, Margareth Menezes, Sandra de Sá, Marília Mendonça e Maysa.
Rita de Cassia Pereira, de 66 anos, voltou a estudar depois de ficar 47 anos longe das salas de aula, destacou a emoção de participar do projeto e como a educação mudou a sua vida.
“Foi uma experiência muito legal. Fomos maquiadas, penteadas e gravamos a música em um estúdio. Não esperava viver nada que eu tenho vivido aqui desde o dia que passei daquele portão ali para dentro. Sai de um cárcere privado e a educação me proporcionou saber dos meus direitos, que tenho direito à liberdade”, contou Rita. “Foi muito bom. Pra mim foi maravilhoso, tô me sentindo uma diva”, completou Maria de Lurdes Pereira de Carvalho, de 60 anos. Bianca Servete, 52 anos, e Nesia Marques de Assis, 54 anos, são as duas participantes do Infiltração.
Letra inspirada nas histórias das alunas
Kenya Campos, professora de canto, disse que a letra da música “Sonho de criança” foi composta por ela e pelas demais educadoras do projeto: a produtora Gabriela Bandeira e a fotógrafa Géssica Machado. A canção autoral é baseada nas experiências das mulheres, em suas aspirações e inspirações.
“A música foi construída no ritmo de samba-canção e da bossa nova. Temas como feminismo, auto aceitação corporal, tudo isso foram revelando traumas dessas mulheres e ao mesmo tempo cura porque entendem o que precisam modificar. A gente foi colhendo as frases, palavras, alegrias e tristezas e fomos compondo essa música que elas gravaram em estúdio”, explicou Kenya. “É um descobrir da escola, mas é um descobrir de si mesmo. O projeto foi iniciado com dez alunas e concluído por quatro que passaram por todas as etapas até a gravação da música e a sessão de fotos”, acrescentou a artista e produtora Gabriela Bandeira.
Géssica Machado ressaltou que a sessão de fotos foi trabalhada a partir da personalidade das alunas, onde cada participante se inspirou nas divas da música nacional que mais se identificam.
“Cada uma se inspirou em uma cantora e a gente fez esse trabalho com uma maquiadora profissional para que elas se sentissem empoderadas como devem ser. Foi um trabalho muito sensível, elas se prepararam para o ensaio e a gente viu como se divertiram”, afirmou a fotógrafa.
Diretor adjunto da escola, Valério Bandeira, também falou da importância desta iniciativa para as alunas do EJA.
“Temos uma grande demanda por atividades fora das salas de aulas e a Secretaria de Cultura trouxe essa ideia para a nossa escola. As meninas participaram de aulas de música, gravaram a canção e também foram fotografadas para essa exposição aberta hoje (terça-feira). Foi uma bela festa na comunidade escolar”, disse Valério.