Cultura vai apoiar projetos indígenas contemplados pela Lei Aldir Blanc

Aldeia Mata Verde Bonita venceu 21 editais federais, que vão levar eventos para dentro da comunidade

quinta-feira, 13 fevereiro 2025

Foto: Flávia Eliza

A Secretaria de Cultura e das Utopias de Maricá participou nesta terça-feira (11/02) de uma reunião na aldeia indígena Mata Verde Bonita, em São José do Imbassaí, que foi contemplada com 21 editais de projetos culturais beneficiados pela Lei Aldir Blanc, promulgada no ano passado. De acordo com o Instituto Terra do Saber, empresa responsável por mediar a documentação entre os membros da comunidade e o governo federal, o número coloca a aldeia como principal detentora de editais aprovados no estado do Rio, com um total de R$ 1,6 milhão a serem investidos em atividades culturais.

Representando o secretário Sady Bianchin, o assessor especial da secretaria, Luiz Carlos Lima, afirmou que o órgão da Prefeitura de Maricá está à inteira disposição da comunidade para analisar e atender suas necessidades, e também fortalecer a parceria com as instituições envolvidas.

“Neste início de governo, estamos recebendo todo tipo de demanda, mas viemos aqui para ouvir vocês. Os projetos que vimos nos deixam muito orgulhosos e posso garantir que há um grande interesse da nossa parte em fortalecer essa parceria”, reforçou Luiz Carlos.

A Lei Aldir Blanc é uma política de fomento à cultura, que apoia projetos e iniciativas artísticas e culturais. Regulamentada pelo decreto federal 11.740/2023, a lei tem por objetivo apoiar a produção artística local, fortalecer e promover projetos culturais, valorizar a diversidade e o potencial artístico, além de estruturar o sistema de financiamento à cultura.

Projetos dentro da aldeia

Anderson Terra, CEO do Instituto Terra do Saber, explicou que foram contemplados projetos em áreas como dança, música, pintura, artesanato, fotografia e agricultura ancestral, entre outras. Todos os projetos foram debatidos e escolhidos juntamente com a comunidade indígena.

“A aldeia entendeu que seria mais interessante trazer a população para dentro do que levar seus membros a outros lugares, e por isso optou pelos projetos culturais aqui dentro. O que fizemos foi profissionalizar o processo, obtendo cadastros de CNPJ e MEI para todos e, em seguida, discutimos os projetos dentro da visão deles. Foi assim que chegamos a esse excelente resultado, com planejamento e estratégia”, afirmou Anderson.

Para Jurema Nunes, uma das líderes da comunidade indígena, os projetos vão gerar mais curiosidade sobre a aldeia e levar mais visitantes para lá.

“Fico feliz que poderemos apresentar nossa cultura, por exemplo,  por meio da dança e das comidas típicas. Creio que a partir dessa conquista muita gente virá para cá vai trazer as famílias para conhecer, e nós vamos receber a todos com o maior carinho”, garantiu Jurema, lembrando que os primeiros eventos serão anunciados em breve.

Município acolhe aldeia desde 2013

Os integrantes da aldeia Mata Verde Bonita (Tekoa Ka’ Aguy Ovy Porã, em tupi-guarani) chegaram a Maricá em abril de 2013, no segundo governo de Washington Quaquá, que sempre enxergou como prioridade o respeito pelos costumes indígenas. Na época, integravam a aldeia Semente, mas estavam sendo pressionados a deixar o local que ocupavam há sete anos, na Praia de Camboinhas (Região Oceânica de Niterói), devido a pressões da especulação imobiliária. Numa dessas tentativas, um atentado destruiu totalmente a aldeia.

Em Maricá, visitaram algumas áreas públicas do município nos bairros do Caxito, Bambuí e Ponta Negra, para definir o local que ocupariam. Mas segundo eles, as áreas “não eram espiritualmente boas” para a aldeia. Foi a região de 93 hectares entre São José do Imbassaí e Itaipuaçu que eles escolheram para morar e com uma estrutura rústica (feita com argila, bambu e palha) fizeram suas ocas, que também ganharam chuveiros com aquecimento de energia solar.

Desde então, a comunidade vem recebendo atendimento das diferentes áreas da administração municipal. Liderada pela cacique Jurema Nunes, a aldeia foi uma das primeiras do país a receber cobertura vacinal contra a covid-19, em janeiro de 2021.

Em 2024, outra aldeia da cidade, a Sítio do Céu, recebeu um novo espaço de assentamento para sua comunidade ao lado da fazenda pública Joaquín Piñero, no Espraiado. Anteriormente, o grupo vivia na região de Morada das Águias, em Itaipuaçu, numa encosta dentro do Parque Estadual da Serra da Tiririca.

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