Prefeitura de Maricá inicia reassentamento de aldeia indígena Guarani

Área cedida pelo município no bairro Espraiado vai abrigar a Céu Azul (Tekoa Ara Hovy), que está instalada atualmente em Itaipuaçu

terça-feira, 18 abril 2023

Evelen Gouvea

A Prefeitura de Maricá deu início nesta terça-feira (18/04) ao reassentamento da aldeia indígena Céu Azul (Tekoa Ara Hovy), da etnia Guarani, em área cedida no bairro Espraiado que se tornará a primeira reserva indígena municipal. A iniciativa marca as comemorações pelo Dia dos Povos Indígenas, celebrado nessa quarta-feira (19/04), e reuniu representantes das secretarias de Participação Popular, Direitos Humanos e Mulher e de Agricultura, Pecuária e Pesca, da autarquia Serviços de Obras (Somar), além da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e da Defensoria Pública da União.

A aldeia terá 13 ocas e será construída por funcionários da Somar em parceria com os indígenas, que aplicarão técnicas próprias e culturais. A previsão é de que a obra seja concluída até o fim deste ano.

“Estamos devolvendo as terras aos povos originários e essa é uma reparação histórica. Passamos por todas as etapas do processo de regularização ambiental e agora estamos dando início às construções. Nós somos apenas instrumentos de transformação da sociedade, legitimando o espaço dos indígenas. É importante ressaltar que estamos trabalhando em conjunto para garantir a dignidade dos indígenas, devolvendo a terra que é deles”, explicou o secretário de Participação Popular, Direitos Humanos e Mulher, João Carlos de Lima (Birigu).

A nova aldeia contará ainda com cozinha comunitária, banheiros externos, centro cultural indígena, restaurante com comidas típicas, posto de saúde e escola, além de uma área destinada às atividades esportivas indígenas. Toda a construção será feita com madeira, telhado composto por telha e sapê, além de paredes de pau a pique.

O defensor público federal, Thales Arcoverde Treiger, visitou a área e falou sobre a garantia dos direitos aos indígenas.

“Esse é um processo único de atuação do poder público com a comunidade indígena. Essa ação garante o direito à moradia e à manifestação cultural. Com a vinda da aldeia para uma área apropriada, que ela pode desenvolver todo o seu potencial cultural, acaba sendo importante para toda a população. A construção de uma terra indígena a partir de um município é algo que não existe em outro local no país. Essa é uma oportunidade única de conhecimento e de garantia do povo guarani. Estaremos sempre acompanhando e garantindo o protagonismo indígena e a voz dos povos originários”, afirmou.

Chefe da Coordenação Técnica Local Paraty da Funai, Rosângela Nunes, destacou a importância da garantia do município em destinar um espaço exclusivo aos indígenas com a criação da aldeia.

“A Funai entende que este é um movimento histórico e pioneiro de acolhimento e implantação de políticas públicas para os indígenas. A parceria entre o poder público municipal e a comunidade indígena assegura um espaço legítimo de propriedade para o desenvolvimento e valorização da cultura Guarani”, destacou.

Indígenas comemoram conquista

Provenientes das regiões sul e sudeste do Brasil, cerca de 50 indígenas da etnia Guarani Mbya fundaram há dez anos a Aldeia Céu Azul, em Itaipuaçu, Maricá. A terra onde vivem hoje foi cedida por um empresário e faz parte da área do Parque Estadual Serra da Tiririca, onde foram instaladas suas casas e escola, mas o local não dispõe de recursos, como água e terra fértil para o plantio.

Líder indígena, o cacique Vanderlei Weraxunu ressaltou a importância da destinação definitiva da área pela prefeitura para abrigar a aldeia. “Essa é uma luta antiga e estamos muito felizes com o local. O novo espaço nos garante mais recursos, como plantio, criação de animais, além de escola e saúde para nós. Todos terão suas casas e locais em comum”, destacou.

O indígena Felix Karaí destacou sobre a escolha e definição do local, que foi pensada junto com a comunidade. “Desde que chegamos a Maricá estamos em busca de um local melhor. Estamos muito agradecidos pelo espaço, desde o início do processo eles nos procuraram, mostraram o local e nos perguntaram se era o que queríamos e está sendo tudo sendo feito com a nossa opinião. Agora temos um local de mata, com os nossos direitos. Estamos muito felizes”, disse.

 

Um comentário em “Prefeitura de Maricá inicia reassentamento de aldeia indígena Guarani

  1. Parabéns para a prefeitura de Maricá e a todos , é muito bonito saber, estou muito ancioso para conhecer esse novo local…

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